terça-feira, 20 de abril de 2010

Sobre a poesia, o poeta e o crime

Deixo a vós uns recortes de falas que, talvez e só talvez, produzam alguma reflexão sobre o ser da poesia e do poeta.
Sobre sua aceitação.
Por que ela já é tão bem aceita.
Claro que ela não é tão popular quanto o Faustão ou o Pânico, mas não lhes espantaria ver uma poesia em qualquer lugar deste.
Não, no fundo não lhes causaria espanto.
Claro que seria meio lunático alguém que recitasse poemas na rua.
Mas seria só mais um.
Seria esquecido tão rápido quanto se dobrasse a esquina.


"Na Pérsia eu vi que a poesia é feita para ser musicada e cantada – por uma razão
simples – porque funciona.
Uma combinação perfeita de imagem e melodia coloca o público num hal (algo entre
um estado de espírito emocional/estético e um transe de supraconsciência), explosões de
choro, impulsos de dança – uma mensurável resposta física à arte. Para nós, a ligação
entre poesia e corpo morreu junto com a ´epoca dos bardos – lemos sob influência de um
gás anestesiante cartesiano."

[...]

"No Oriente, às vezes os poetas são presos – uma espécie de elogio, já que sugere que o
autor fez algo tão real quanto um roubo, em estupro ou uma revolução. Aqui, os poetas
podem publicar qualquer coisa que quiserem – o que em si mesmo é uma espécie de
punição, uma prisão em paredes, sem eco, sem existência palpável – reino de sombras do
mundo impresso, ou do pensamento abstrato – um mundo sem risco ou eros.
A poesia está morta novamente – e mesmo que a múmia do seu cadáver possua ainda
algumas de suas propriedades medicinais, a auto-ressureição não é uma delas."


hakim bey em CAOS


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