segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Desempoeirando a sensibilidade

O mundo moderno vem educando os seres para o avanço volátil de caracterizar-se pelo tempo mais rápido que a luz; pensa-se que depois de já entendido o óbvio, as seqüências desfrutarão de seus hábitos. E o antinatural tritura a essência quando o descaso corrompe as forças de lutar pelo ciclo da vida em processos - a urgência confunde a necessidade.
Assim o autoconsumo transforma em volúveis os caracteres de uma história herdada sem exatidão de início ou fim, mas com pretexto suficiente para viver o presente sem grilhões que prendam a descoberta de próprio mistério. O medo é a perda da entrega - assim que opostos se afastam, o equilíbrio não posiciona realidade.
Os corpos vulgarizados no exibicionismo, têm pudor da naturalidade orgânica de si mesmo, e faz silêncio ou ridiculariza o organismo de sua vitalidade. Usa da língua materna para se gabar do esforço contínuo de não-ser simplesmente, e se afoga no status quo, com o deslize da língua que impõe a eloqüência sem conhecer significados. As afinidades da obscenidade e do tédio são a repulsa do tempo, que se conclui biológico a deteriorar as preciosidades da alma que se condenam por pouco luxo - a grandeza não tem tamanho para enxergar: cega os de corpo frágil. E nulos se descartam, utilizando-se como pesos de um mundo concreto, ruindo-se em fragmentos - e que não há de edificar segurança.
Já não é fácil ser por inteiro. Fazer cuidado com as tripas, aonde também pulsa um coração. Segurar na boca as dores do mundo; passar pelas mãos, amores fundos... Mas, sem a latência quem descobriria o calor? Sem profundidade, que escala o tempo faria no céu? Sem as palavras, quem saberia que a vida é uma contínua construção que na sua integridade é o mundo repleto e não o pensamento afoito do ápice de uma geração?
No alto o som é de ondas muito maiores, e no seu compasso, o mesmo tanto de força:
o eco.

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